Por Diogo Martins | Valor
RIO – Pelo menos metade dos 190 milhões de brasileiros
tinha rendimento per capita de até R$ 375 em 2010, quantia inferior ao salário
mínimo da época, de R$ 510. Ao passo que 25% da população total do país tinha
rendimento médio nominal mensal domiciliar per capita de até R$ 188. Os dados
constam no Censo Demográfico 2010, divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o levantamento, metade dos 160 milhões
de brasileiros residentes em zonas urbanas recebia, em média, até R$ 415, valor
que caía para R$ 170 nas regiões rurais. Os dados sobre rendimento são
preliminares. Consideram-se apenas pessoas e domicílios com declaração de
rendimento positivo, excluindo aqueles sem renda ou declaração.
Os melhores níveis de rendimento domiciliar per capita
foram verificados nos municípios dos Estados do sudeste e do sul do país. Entre
eles, destaque para Florianópolis, que obteve a maior renda, de R$ 1.573.
Metade da população dessa cidade recebia até R$ 900 em 2010.
Segundo o Censo 2010, há discrepâncias entre as rendas
de homens e mulheres. Em termos de rendimento total, que soma recursos como
trabalho, aposentadoria, pensões e transferências, os homens recebiam, em
média, 42% mais que as mulheres. Enquanto o primeiro grupo recebia R$ 1.395 o
segundo ganhava R$ 984.
A diferença salarial entre homens e mulheres se
intensificou em municípios de até 50 mil habitantes. Os homens recebiam, em
média, R$ 903 contra R$ 615, uma diferença de 47%.
Em cidades com mais de 500 mil habitantes, a diferença
entre mulheres e homens era menor, mas ainda muito discrepante, de 40%. Nesses
municípios, os homens recebiam, em média, R$ 1.985 e as mulheres, R$ 1.417.
A incidência de pobreza era maior nos municípios de 10
mil a 50 mil habitantes, apontou a pesquisa do IBGE. O estudo informou que,
enquanto a proporção de pessoas que viviam com até R$ 70 de rendimento
domiciliar per capita
era, em média,
6,3% no Brasil, nos
municípios de 10
mil a 20
mil habitantes esse percentual
era o dobro, de 13,7%. Além disso, metade da
população desses municípios
vivia com até meio salário mínimo
per capita.
Já nas cidades com população superior a 500 mil
habitantes, menos de 2% viviam com até R$ 70 per capita e cerca de 25% das
pessoas viviam com até meio salário mínimo de rendimento domiciliar per capita.