.

.

quarta-feira

Mais um grande vinho brasileiro


Eu provei no último Sábado já ia escrever algo, mas recebi este e-mail do meu amigo Renato Costa, que há muito tempo não o vejo, achei um texto que reflete extamente aos comentários do meus queridos companheiros de taça do sábado e por isso quero dividir com os enoamigos.
Aos que gostam de colecionar estranhas descrições de um vinho para classificar seus analistas de enochatos, eis aqui mais uma. O Icewine Pericó, lançado na última terça-feira, tem sabor de marco na história da vitivinicultura nacional. Só que essa avaliação nada tem a ver com seus gostos e aromas, e sim com o fato de ser o primeiro rótulo elaborado em um país tropical a partir do natural congelamento das uvas no campo. A origem desse vinho de sobremesa é a altitude da serra catarinense. Na madrugada do dia 4 de junho de 2009, sob um frio de -7,5°C, 3,4 mil quilos de cabernet sauvignon foram colhidos e transportados em caminhão frigorífico até Nova Pádua, onde foram prensados - processo que tive o prazer de testemunhar. Na forma de gelo, a maior parte da água permaneceu no interior das bagas, ocorrendo a extração apenas do açúcar. Após a fermentação, o estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês deu o acabamento necessário. O resultado é uma bebida de perfil licoroso, denso, de uma cor rubi acobreada. No nariz, destacam-se os aromas de rosa, frutas vermelhas e figo seco. A passagem por madeira acrescentou um tom de baunilha e escondeu notas típicas da cabernet sauvignon, como o pimentão verde, criando uma mistura intrigante. Após o primeiro gole, o degustador permanecerá com essas impressões por bastante tempo na boca, pois é uma bebida de ótima presença e permanência. Traz uma certa salinidade, herança do solo rico em potássio da altitude catarinense, mas o que se sobressai é a acidez marcada, necessária para não deixar o sabor doce tornar-se enjoativo. “Não quero bancar o poeta, mas convido o consumidor não a beber esse vinho, mas a acariciá-lo na boca”, teoriza o sommelier italiano Roberto Rabachino, o primeiro a sugerir que as temperaturas negativas de São Joaquim poderiam dar origem a um icewine verde-amarelo.  O projeto, encampado pelo dono da Pericó, Wandér Weege, e pelo enólogo Jéfferson Sancineto Nunes, rendeu 3.363 garrafas de 200ml, que chegam oficialmente ao mercado neste domingo (dia 10/10/2010) por R$ 189 cada. Frente à grande curiosidade que o produto vai gerar, são pouquíssimas garrafas. E uma próxima safra é tão incerta quanto a incidência de neve, ou melhor, gelo nas videiras brasileiras. Por: Maurício Roloff.

Enoabraços