Quando falamos sobre vinhos, pensamos em uva, produtor, terroir, safra e por aí vai. Assim a rolha, esse 'pequeno' detalhe, acaba ficando em segundo plano.
Ela, que teve e continua tendo um papel importantíssimo na história do vinho, tem a função de vedar a garrafa e preservar a bebida. Quando a rolha surgiu, por volta de 1650, ajudou a aumentar a popularidade da bebida, pois possibilitou seu transporte e fez com que chegasse a lugares remotos sem se deteriorar. Hoje em dia, discute-se muito do que elas devem ser feitas.
A rolha é tradicionalmente de cortiça, material que vem da casca do Sobreiro. Sua estrutura celular composta por alvéolos de ar lhe confere excelente capacidade de compressão e elasticidade, sendo assim, um material de
vedação por natureza. Portugal é o maior produtor de rolhas, concentrando aproximadamente 50% da produção, uma vez que os sobreiros existem em grandes quantidades na região do Alentejo. A dificuldade é que o sobreiro leva 30 anos para ficar pronto para a primeira extração. E ainda precisa de um
intervalo de 9
vedação por natureza. Portugal é o maior produtor de rolhas, concentrando aproximadamente 50% da produção, uma vez que os sobreiros existem em grandes quantidades na região do Alentejo. A dificuldade é que o sobreiro leva 30 anos para ficar pronto para a primeira extração. E ainda precisa de um
intervalo de 9
anos entre cada umas das próximas extrações.
Outra dificuldade é o fungo 2,4,6 tricloroanisole, mais conhecido como TCA, que pode comprometer o vinho, deixando-o com aromas de mofo e papelão molhado. Extremamente forte, este fungo já pode ser detectado no vinho em quantidades ínfimas de cinco partes por
trilhão, o equivalente a 0,000000000002 gramas por litro.
Difícil entender o que isso significa, não é mesmo? Tente então imaginar que isso é o mesmo que uma colher de chá em 2.000 piscinas olímpicas. Assim, basta um grama do fungo para que toda uma safra seja arruinada. Em média, o TCA acaba por contaminar entre 3% e 6% das
rolhas, um número bastante alto.
A possibilidade de ressecamento é outro problema da rolha de cortiça. Se isso ocorrer, ela deixa o oxigênio penetrar na garrafa, oxidando o vinho. Por todos esses motivos, cresce entre os produtores o uso da rolha sintética. Essa opção gera muita discórdia e, como toda moeda, tem dois lados. Apesar de evitar que o vinho fique bouchonée (termo francês para o vinho contaminado pela rolha), a rolha sintética não veda tão bem quanto a de cortiça, além de não ser um produto natural, o que dificulta a reciclagem e atrai a crítica dos ambientalistas. Para completar, por questões culturais as pessoas tendem a associar garrafas fechadas com rolhas sintéticas a vinhos de má qualidade.
Além dessa, existem outras opções que apresentam uma ótima vedação como a rolha de vidro e a tampa de rosca. Porém, elas são extremamente caras. A rolha de vidro chega a custar cinco vezes mais do que o de uma rolha de cortiça de excelente qualidade e a tampa de rosca exige altos investimentos
já que novos equipamentos de engarrafamento são necessários.
já que novos equipamentos de engarrafamento são necessários.
Assim, o futuro das rolhas ainda é incerto. Porém, mesmo com alguns defeitos, a rolha de cortiça segue como opção oficial já que nenhum outro material apresenta tal poder de compressão, elasticidade e custos como os seus. Por isso, para o consumidor, duas dicas que
podem ser úteis: quando comprar um vinho (principalmente se for envelhecido) pressione o dedo sobre a rolha para ver se há deslocamento. Se houver, a rolha ressecou, perdeu aderência e o vinho corre o risco de estar oxidado. Já na hora de armazenar o vinho em casa, guarde-o deitado mantendo a bebida em contato com a rolha para evitar que ela resseque.